Estudos mostram possíveis estratégias a serem adotadas com vacas mantidas em pastos tropicais, visando ao aumento da ingestão de energia para maior produção de leite

Por Luiz H. Pitombo

Nos sistemas confinados, o balanceamento da dieta que é fornecida às vacas já proporciona fontes de energia em quantidade suficiente para um bom volume de produção de leite, suprindo suas necessidades nesta importante fase de maior exigência. Já no sistema de pastagem, existem limitações, mas estas podem ser superadas, segundo apontam duas pesquisas realizadas no Departamento de Zootecnia da Esalq/USP, em Piracicaba-SP. Uma sobre o manejo rotacionado, valendo-se da interceptação luminosa (IL), que indica a coleta da forrageira no ápice de seu teor de nutrientes, propiciando mais energia ao animal. A outra, sobre suplementação com óleo de palma no cocho de vacas mantidas a pasto, cujos resultados preliminares são promissores.

A primeira pesquisa sobre o melhor aproveitamento da pastagem foi realizada por Camila Araújo Batalha e Guilhermo Congio, sob a orientação dos professores Flávio Portela Santos e Sila Carneiro da Silva, para obtenção doutorado. A segunda, também de dou¬torado, está a cargo de José Maurício dos Santos Neto, com orientação do professor Flávio Portela Santos.

O primeiro estudo comprova interessante alternativa relacionada ao manejo do rotacionado, valendo-se do acompanhamento da chamada intercepção luminosa, que garante um pasto de melhor qualidade com maior quantidade de folhas e maior consumo pelo animal acarretando mais energia. O trabalho, conduzido em área de capim-elefante cv. cameron, já foi concluído e mostra um incremento na produção de leite em 2,3 kg/dia e da proteína em 0,56 kg/dia, dentre vários benefícios.

Havia também o interesse de verificar o possível impacto na emissão do metano entérico (CH4) pelas vacas, que é um dos gases de efeito estufa (GEE) associados à pecuária que traz preocupação. No constante desafio que representa o balanço entre produtividade e sustentabilidade, o manejo adotado nos pastos se mostrou positivo, uma vez que não houve alteração na emissão daquele gás e com aumento da produção, o que significa menos metano por litro de leite obtido. Também houve redução na emissão por unidade de proteína, de gordura e de rendimento dos sólidos.

Já o segundo estudo, ainda em andamento, conduzido por José Maurício dos Santos Neto, trata da suplementação no cocho de vacas mantidas a pasto com óleo de palma (sais de cálcio de ácidos graxos de óleo de palma – SCOP, disponível no mercado em sua formulação em pó). Popular na culinária nacional por seu azeite de dendê, é uma fonte de gordura protegida, que não afeta a atividade ruminal e tem alta absorção intestinal. São raros os estudos de seu uso em animais mantidos em pastos tropicais, embora para vacas em confinamento seja de aplicação bem conhecida, podendo ser considerada uma das fontes de gordura mais utilizadas no mundo nesta circunstância. A expectativa é de que seus resultados em termos de incremento da produção de leite superem os obtidos com vacas estabuladas.

Este estudo que está sendo realizado no Departamento de Zootecnia da Esalq/USP, também em pastos de cameron rotacionados pela intercepção luminosa, contemplou seu fornecimento no meio da lactação na dose diária de 400 g mais concentrado, quando se registrou um incremento da produção de 1,5 kg/dia de leite, sem alterar sua composição, ou de até 7% na lactação. Os estudos avançam para a análise dos resultados de seu fornecimento em diferentes dosagens diárias (200 g, 400 g e 600 g) mais concentrado, porém unicamente ao início da lactação. Pesquisa anterior a pasto apontou a elevação de 20% na produção de leite durante toda a lactação, sem alterar o teor de gordura do leite, quando o SCOP foi oferecido aos animais no terço inicial da lactação.

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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 641, de abril 2018

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