Por mais frágil que seja o desenvolvimento de um país, ele sempre terá em funcionamento as suas indústrias de tecidos, construção civil e de alimentos. O motivo se deve não somente à óbvia necessidade de atender à sua população, mas pelo fato de estes serem setores de fácil implantação, pois exigem pouca tecnologia. Além disso, os consumidores pressionam muito pouco esses setores por modernização, pelo aumento de produtividade, e a consequência é que poucas empresas incorporam inovações no processo de produção.

A indústria brasileira como um todo sempre foi pouco dinâmica. Surgiu em maior volume nos anos 50, sob forte proteção cambial e tributária e com facilidades de financiamento. Portanto, desde o início é dependente do Estado e avessa à concorrência. Por tudo isso, pouco competitiva. Os fatos atuais mostram tal perfil. Mesmo com a máxi-desvalorização do real em 2015, continuamos assistindo à redução de empregos industriais, mês a mês.

E a indústria de laticínios não é diferente. Até 1990 trabalhou com preços controlados pelo Governo, dedicando pouca energia, inteligência e capital à inovação e à melhoria de processos. Sem concorrência e sem pressão por eficiência, ao consumidor cabia apenas duas opções: pagar o preço tabelado que embutia as ineficiências do segmento produtivo ou não comprar lácteos.

Nos anos 90, com a abertura da economia brasileira e o fim do tabelamento, o produtor de leite se viu repentinamente num cenário desconhecido, o da competição aberta, sem nenhum amparo. A pressão foi toda sobre ele, que tinha de se modernizar, se profissionalizar, deixar de ser “tirador de leite”. Já na indústria não ocorreram mudanças significativas. Ao contrário, ficou muito mais fácil importar matéria-prima, com preços subsidiados pelos países de origem.

Confira a coluna completa na edição de fevereiro de Balde Branco

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