O processo de crescimento e consolidação de empresas de laticínios tem levado a fusões e aquisições recentes no País. Confira a atual ordem no mercado

A globalização ampliou as oportunidades no comércio internacional para muitas empresas, inclusive, as do setor de laticínios, que já não se restringem mais aos mercados nacionais e/ou regionais. Isto trouxe um forte movimento de aquisições e fusões, notadamente a partir de 1990. Mas o que são e com que finalidade as empresas fazem aquisições e/ou fusões?

A fusão é quando as empresas envolvidas se combinam, dando origem à outra empresa. Em outras palavras, é a união de duas ou mais empresas que deixam de existir legalmente para formar uma nova referência no mercado.

Na aquisição, trata-se da compra de uma empresa por outra, na qual somente uma delas manterá sua identidade. Isto determina o da empresa comprada, implicando em alto grau de investimento e de controle, além de um complexo processo de integração.

O princípio que motiva essas mudanças são os ganhos com economia de escala, produtividade, acesso à tecnologia, marcas e capacidade para conquistar novos mercados.

A fusão ou aquisição viabiliza a expansão em menor tempo com menores custos e riscos, por fundir ou adquirir uma empresa em funcionamento, expandindo as linhas de produtos e acessos a diferentes mercados em vez de construir fábrica, comprar máquinas, desenvolver produtos, treinar equipes, criar novas marcas, estabelecer novos canais de comercialização e conquistar novos clientes.

Além de tudo isso, a fusão e a aquisição aumentam o poder de mercado diante de clientes, distribuidores e fornecedores, podendo também fazer um aliado e remover um concorrente potencial, fortalecendo-se para enfrentar os concorrentes em escala nacional ou mundial.

A desregulamentação mexeu no ranking
No setor de lácteos as fusões e aquisições foram iniciadas a partir dos anos 80 e mantidas com mais intensidade nos anos 90, quando ocorreu a desregulamentação do mercado brasileiro. No ranking brasileiro, elaborado pela Leite Brasil, das 10 maiores empresas de laticínios classificadas por volume de leite adquirido, em um período de 10 anos, apenas três empresas, a Nestlé, Itambé e Embaré, se mantiveram entre as dez maiores compradoras de leite, como se observa na tabela 1.

Durante esse período, a Nestlé, se referia a DPA Manufacturing Brasil, Fonterra e Itasa. A Itambé se uniu à Vigor e ambas atualmente estão em fechamento de negociação com a Lala, que é uma empresa de laticínios mexicana. A Embaré foi a única que permaneceu sem mudanças.

A Lactalis/Elebat, a Aurora e a CCGL aparecem apenas no ranking de 2016 entre as maiores. O segundo lugar foi ocupado pela Itambé em 2006, pela LBR Lácteos Brasil em 2012 e pela Lactalis em 2016. Considerando 2006 e 2012, nove empresas deixaram de ser classificadas entre as dez maiores compradoras no ranking atual, a LBR Lácteos Brasil, Italac, Confepar, Elegê, Parmalat, Laticínios Morrinhos, CCL, Centro Leite e Bom Gosto.

O volume captado pelos dez maiores laticínios foi de 3,2 bilhões de litros em 2006, aumentou 1,1 bilhão de litros, totalizando 4,3 bilhões em 2012, e voltou a reduzir em 1,2 bilhão em 2016, com volume total adquirido de 893 milhões de litros, 4% inferior ao total captado em 2015 (tabela 1).

A redução do volume de leite captado nas dez maiores empresas lácteas aconteceu também com o volume adquirido por todas as empresas que atuam no Brasil, segundo dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE. Em 2015 o volume captado foi de 24,1 bilhões de litros, em 2016 reduziu 893 milhões de litros, com um total de 23,2 bilhões de litros. Na figura 1 estão representados a captação de leite por trimestre, a redução em 2016 e recuperação nos dois primeiros trimestres de 2017.

A quantidade de leite adquirida pelas maiores empresas é pouco maior que 13%, esse valor reflete a desconcentração do mercado de leite no Brasil. No Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento estão registradas cerca de 2 mil empresas de laticínios que processam o leite nas diferentes regiões. As fusões e aquisições não são factíveis no setor produtivo, ou seja, entre os produtores de leite, que têm de criar estratégias para enfrentar a competitividade e sustentabilidade de sua atividade.

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