Dia Mundial do Leite é muito mais que uma data comemorativa

No dia 1° de junho é comemorado o Dia Mundial do Leite, por isso a redação da Balde Branco apresenta uma série de informações sobre o universo do leite para demonstrar a pujança deste alimento dentro e fora do Brasil

Dia Mundial do Leite é muito mais que uma data comemorativa

Da Redação

A data foi criada em 2001, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU, da sigla em inglês), com o objetivo de incentivar o consumo de lácteos à população mundial. A escolha de 1º de junho se deu porque já era o dia que diversos países, a maioria da União Europeia, comemoravam o Dia Nacional do Leite. É também no velho continente em que ocorre a maior parte das celebrações voltadas em grande parte ao incentivo ao consumo pelas crianças.

No Brasil, a data ganha cada vez mais força diante da importância do leite para a economia do país. O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz. O Agronegócio do Leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. 

A cadeia produtiva do leite é uma das principais atividades econômicas do Brasil, com forte efeito na geração de emprego e renda. Presente em quase todos os municípios brasileiros, a produção de leite envolve mais de um milhão de produtores no campo, além de gerar outros milhões de empregos nos demais segmentos da cadeia. Em 2019, o valor bruto da produção primária de leite atingiu quase R$ 35 bilhões, o sétimo maior dentre os produtos agropecuários nacionais (BRASIL, 2020). Já na indústria de alimentos, esse valor mais do que duplica, com o faturamento líquido dos laticínios atingindo R$ 70,9 bilhões, atrás apenas dos setores de derivados de carne e beneficiados de café, chá e cereais (ABIA, 2020).

De acordo com os dados da Pesquisa Municipal, divulgados em setembro de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2020, a pecuária leiteira consolida o terceiro ano consecutivo de crescimento da produção. Em 2020, o setor atingiu a maior produção na série histórica, 35,4 bilhões de litros de leite em um único ano. O montante representa avanço de 1,5% ante os 34,9 bilhões de litros produzidos em 2019, no qual a produção havia crescido 2,98%.  

Como em 2019, a região Sudeste seguiu na liderança entre as regiões produtoras, com 12,1 bilhões de litros produzidos, o equivalente à 34,35% da produção nacional, consolidando aumento de 1,9% ante o ano anterior. Em segundo lugar em termos de representatividade figura a região Sul, com 12,06 bilhões de litros, tendo evoluído de maneira mais expressiva, com 2,8% em volume, o equivalente à 34% da produção brasileira.

A região Nordeste segue em terceiro lugar, foram 4,9 bilhões de litros ordenhados em 2020, mas não foi possível repetir o expressivo crescimento de 2019, tendo, no último ano, aumentado a produção em 1,9% e mantendo a representatividade de 14% da produção nacional. Em contraponto, houve decréscimo na produção das regiões Centro-oeste e Norte, representando negativos 0,2% e 4,92%, respectivamente. Nessas regiões foram produzidos 4,3 e 2,1 bilhões de litros, que respondem por 11,6% e 6,1% do montante nacional, respectivamente.

Entre os estados de maior expressividade, Minas Gerais segue na liderança absoluta, com 9,7 bilhões de litros, seguida pelo Paraná (4,6 bilhões), Rio Grande do Sul (4,3 bilhões) Goiás (3,18 bilhões) e Santa Catarina (3,13 bilhões)

Já em relação aos municípios, a produção leiteira esteve representada em 5514 deles, com destaque à Castro/PR, que manteve o título de capital nacional do leite, com 363 milhões de litros ordenhados em 2020. O município vizinho, de Carambeí segue na segunda posição, com 224 milhões de litros e, em terceiro lugar, Patos de Minas/MG, com 194 milhões de litros. Juntos, esses três municípios representam 2,2% da produção nacional.

O rebanho leiteiro brasileiro é o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas do da Índia. São cerca de 40.445 milhões de animais utilizados na pecuária de leite, entre vacas, novilhas, bezerras e touros.

Produtores de leite

 Enquanto a produção nacional de leite cresceu nas últimas décadas, o número de produtores vem caindo de forma expressiva. Segundo as estatísticas oficiais (IBGE, 2019), em 1996, o País contava com mais 1,80 milhão de estabelecimentos rurais que produziam leite. Em 2006 esse número caiu para 1,350 milhão e em 2017, o mais recente levantamento censitário identificou 1,176 milhão de produtores. Um indicativo da saída de mais de 600 mil produtores da atividade leiteira em pouco mais de 20 anos.

No período mais recente, os dados censitários mostram que os estabelecimentos que deixaram a atividade leiteira produziam menos de 50 litros de leite por dia, sendo a maior parte deles com produção diária inferior a 10 litros. Já nos estratos de produção acima de 50 litros diários, o número de estabelecimentos cresceu entre 2006 e 2017.

 Outra informação interessante extraída desses levantamentos do IBGE diz respeito ao número de estabelecimentos que efetivamente venderam ou beneficiaram leite. Em 2006, dos 1,350 milhão de produtores, 931 mil venderam leite, o que corresponde a 68,9% do total (ZOCCAL et al., 2015). Em 2017, a proporção dos que venderam ou beneficiaram leite foi ainda menor, de 62%, o que corresponde a 727 mil produtores dos 1,176 milhão identificados no Censo.

Apesar de demonstrar uma grande redução no número de produtores envolvidos com a atividade, esses números ainda são muito superiores a outros países de expressão na produção leiteira mundial. Dados internacionais (IFCN, 2017) mostram que os Estados Unidos, maior produtor mundial e que produz quase três vezes mais do que o Brasil, tem apenas cerca de 46 mil fazendas produtoras de leite. A Alemanha, que apresenta produção bem próxima a brasileira, tem 69 mil produtores. A Nova Zelândia, principal exportador de lácteos do mundo, produz 64% da produção brasileira em menos de 12 mil fazendas. Já a Argentina, principal exportador de leite para o Brasil, tem pouco mais de 10 mil produtores.

Fontes: Embrapa, Embrapa Gado de Leite, CNA, IBGE. ABIA, ABIEC

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?