As importações de lácteos pelo Brasil têm aumentado, as exportações reduzido, e a balança comercial vem se mostrando negativa; um cenário que se estende de 2014 até os primeiros meses deste ano

As compras de produtos lácteos realizadas pelo Brasil em 2015 aumentaram 26%, aproximadamente, 29 mil t, e as vendas reduziram 10%, quando comparadas com o ano de 2014. A balança comercial fechou, em 2014, com saldo negativo de 22 mil t e representou US$ 102 milhões. Já em 2015, o déficit subiu para 60 mil t, com valor de US$ 100 milhões.

O efeito do câmbio e outros fatores propiciou a compra de um volume três vezes superior, com o desembolso semelhante ao de 2014. O volume das exportações e importações de lácteos está representado na figura 1, onde se observa que o maior superávit do comércio internacional foi em 2008, com US$ 327,73 milhões e volume de 70 mil t. Por outro lado, o maior déficit foi em 2012, com US$ 513,83 milhões e 137 mil t de lácteos importados.

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Já nos três primeiros meses de 2016, o saldo da balança continua negativo, ou seja, foram importadas 33 mil t (US$ 86 milhões) e exportadas 11 mil t, somando US$ 30 milhões, o que resultou em saldo negativo de US$ 55 milhões. Do leite em pó, 55% vieram da Argentina; do Uruguai, compramos 30%; dos Estados Unidos, foram 6%; do Chile, 6%, e do Paraguai, 3%. Foram importadas da Argentina 3,7 mil t de soro em pó e 459 mil kg do Canadá. Aproximadamente 90% dos queijos importa¬dos também foram produzidos pelos nossos vizinhos argentinos, com a compra de 3,3 mil t.

Dos produtos importados em 2015, 67,9% foram em leite em pó de diferentes concentrações de umidade e gordura, incluindo o creme de leite em pó ou concentrado. O segundo produto de maior volume na pauta foram os queijos, representando 15,7%, e o terceiro foi o soro de leite em pó com 12,4% do volume total comprado (figura 2 e tabela 1). Esses três produtos respondem por 96% das importações brasileiras, que incluem também o leite UHT, doce de leite, leite em pó modificado para a alimentação infantil, manteiga e iogurte.

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Comparando a balança comercial de 2015 em relação a 2014, as importações foram menores de leite UHT, soro de leite em pó e doce de leite, e maiores as compras de leite em pó, iogurte, manteiga e leite modificado para alimentação infantil. O brasileiro consumiu lácteos produzidos em 16 países em 2015, principalmente os argentinos e uruguaios, que totalizaram 84% dos produtos importados.

O principal parceiro comercial no ano passado foi o Uruguai, de onde veio o leite em pó, o leite UHT e o iogurte; da Argentina vieram os queijos, o soro de leite em pó e o doce de leite; da Nova Zelândia foi importada a manteiga, e da Alemanha, o leite infantil. Os mesmos países exportadores de lácteos para o Brasil de 2015 permanecem no início de 2016.

Exportações caíram no ano passado
As exportações, em 2015, somaram US$ 319,2 milhões com 76,8 mil t para mais de 30 países. Esse volume representou redução de 10% em relação a 2014 (figura 1) e 7,5% a menos no faturamento. O leite em pó representou 82% do total exportado (figura 3), o UHT, 8%, e o leite em pó para crianças, 4%. Quando se comparam as vendas dos derivados em relação ao ano anterior, verifica-se que a manteiga reduziu 84% e o iogurte 30% da quantidade comercializada. Os produtos que aumentaram a quantidade exportada foram o leite em pó infantil, 36%, e o doce de leite, 15%.

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A Venezuela, que foi o principal mercado comprador de lácteos brasileiros, importou 55% do total dos produtos exportados; em menor percentual de compra foi a Arábia Saudita com 8,1% e Angola com 7,1%. No total foram vendidos 76,8 mil t de lácteos para 45 países (tabela 2). Trinidad e Tobago, Emirados Árabes e Paraguai também foram importantes compradores de leite em pó.

O leite UHT, com 6,4 milhões de kg, teve como principais destinos: Filipinas, 42%, e Emirados Árabes, 24%. O total de 2,5 mil t de queijo teve como destino o Chile, 39%; Paraguai, 12%, e Taiwan também 12%. Outros sete países também importaram os queijos brasileiros.

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Um total de 43% do leite em pó modificado para a alimentação infantil foi comercializado para a Colômbia, 24% para o Equador e 15% para o Chile de um total de 3,1 mil t. Na pauta das exportações brasileiras também está o doce de leite, e em 2015 foram vendidos 102 mil kg. E 38% desse produto foram adquiridos pelos Estados Unidos, 23% pela Bolívia e 22% pelo Paraguai.

Os produtos lácteos exportados, no início de 2016, foram 8,1 mil t de leite em pó, 1,4 mil t de leite UHT, 815 mil kg de leite modificado para a alimentação infantil, 621 mil kg de queijos, 97 mil kg de iogurte, 60 mil kg de manteiga, 27 mil kg de doce de leite e 10 mil kg de soro em pó (tabela 3).

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Os principais países compradores foram: leite UHT para as Filipinas e Emirados Árabes; o leite em pó para a Arábia Saudita e Venezuela; a manteiga e os queijos para a Rússia. Também foram vendidos queijos para o Chile e leite em pó para a alimentação infantil para Colômbia, Chile e Equador. Do soro de leite em pó exportado, 9,3 mil kg foram para a Bolívia.

Leite em pó da Argentina e do Uruguai
A participação brasileira, no início de 2016, no mercado internacional de lácteos, envolveu 47 países. Na tabela 3 estão mostradas as quantidades importa¬das e exportadas de produtos lácteos no início de 2016. O Brasil comprou leite em pó da Argentina e do Uruguai e vendeu para Venezuela e Arábia Saudita. A maior parte dos queijos veio da Argentina e, em menor proporção, da França e Holanda. Queijos brasileiros foram para a Rússia e o Chile.

O soro de leite em pó também veio da Argentina e o produzido no País foi para a Bolívia. Importamos a manteiga de Nova Zelândia, Argentina e Uruguai e a brasileira foi para os russos. O leite modificado para a alimentação infantil veio da Alemanha e a Colômbia e Chile importaram do Brasil. A Argentina exportou o doce de leite e os Estados Unidos importaram do Brasil. Nesse período não ocorreu importação de leite UHT e o País exportou para as Filipinas, Emirados Árabes e outros 10 países.

As incertezas do cenário econômico do País podem influenciar diretamente o setor lácteo, acarretando estagnação ou até mesmo redução no consumo interno de derivados. Recente estudo do banco holandês Rabobank sobre o segmento de lácteos do Mercosul estima que no Brasil a demanda deverá recuar mais de 4% este ano. Além do menor consumo do brasileiro, a Venezuela, que é um importante comprador de lácteos brasileiros, passa por uma situação econômica delicada devido à queda do preço do petróleo e problemas políticos internos.

Esses fatores podem reforçar uma situação pouco confortável para os produtores brasileiros que, além de enfrentarem redução do preço recebido, se deparam com o aumento dos custos de produção, devido aos elevados aumentos dos preços dos insumos importantes para a atividade, como o milho, a soja, a mão de obra e a energia. Para os produtores de leite, 2016 será um ano desafiador.

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