Apesar do baixo nível de produtividade, 1.600 litros de leite/vaca/ano, isso significa que nosso País possui um potencial de crescimento produtivo imenso, considerando também a demanda por produtos lácteos

Por Cleocy Jr.*

Com pouco mais de um mês no poder, o Governo Federal anunciou o fim da taxação antidumping do leite em pó oriundo da União Europeia e da Nova Zelândia, cobrada há 18 anos para proteger os pecuaristas de leite nacionais da importação de produtos a um preço inferior ao do mercado interno. A notícia caiu como uma bomba no setor, cuja atividade é diretamente afetada por uma série de fatores, que vão de consumo à exportação e importação, passando por renda da população, custo de produção, infraestrutura logística e preço ao produtor, entre outros.

Após pressão dos produtores, no entanto, uma negociação entre os Ministérios da Economia e o da Agricultura fez com que o Governo comunicasse o aumento da taxa de importação do leite integral em pó e desnatado da Europa e da Nova Zelândia. A medida teve como objetivo compensar o fim do antidumping sobre os produtos, e assim, acalmar os ânimos.

Apesar de ser o quarto maior produtor de leite do mundo, o Brasil é um grande importador de lácteos. O País possui uma cadeia produtiva pulverizada e heterogênea. Para se ter uma ideia da complexidade desta cadeia, temos aqui produtores com nível de produtividade e tecnificação igual ou superior às melhores operações leiteiras dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que possuímos produtores com baixíssima produtividade e tecnologia, conduzindo a atividade da mesma forma que se fazia há 60 anos. Dados recentes da Embrapa apontam que, a cada 11 minutos, um produtor de leite abandona a atividade – em sua maioria, pequenos produtores, que não se atualizaram tecnologicamente, não melhoraram a produtividade de seus animais e, consequentemente, não conseguiram recursos para continuar investindo, melhorando e crescendo seus negócios.

A atividade leiteira do Brasil tem um papel social muito importante, pois 555 das 558 microrregiões geográficas brasileiras produzem leite. Além disso, estima-se que mais de 4 milhões de pessoas trabalhem diretamente nesta pecuária.

Mesmo com esta complexidade, o setor mais que quadriplicou sua produção em pouco mais de 40 anos, ultrapassando o volume de 35 bilhões de litros de leite, porém com níveis de produtividade por animal ainda baixos (aproximadamente 1.600 kg de leite/vaca/ano). Isso significa que nosso País possui um potencial produtivo imenso. Além disso, temos de considerar também a demanda pelos produtos lácteos. Atualmente, o consumo per capita no Brasil é de cerca de 170 litros e a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 200 a 220 litros por ano, ou seja, se a população brasileira aumentar seu consumo de lácteos a este patamar, o que produzimos atualmente não suprirá nem a demanda do mercado interno.

Para atendermos de forma sustentável às exigências dos mercados interno e externo, alguns desafios precisam ser superados, como a definição de uma política pública para o setor, acesso dos produtores a linhas de crédito, melhoria da logística, melhoria na qualidade do leite produzido e, em minha opinião, o mais importante deles: assistência técnica, principalmente a pequenos e médios produtores.

Somente por meio de conhecimento técnico o pecuarista de leite tem condições de transformar radicalmente seu modo de produção e de operação, e com isso, fazer uma melhor gestão do seu negócio. Partindo deste ponto primordial, é a partir dele que o produtor conseguirá investir na adoção de novas tecnologias e em novas práticas de manejo em sua propriedade, que garantirão não só menores custos como também maior produtividade.

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*Cleocy Jr é zootecnista e gerente de produtos de bovinos de leite da Zoetis [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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