Sergio Saud, presidente da Asbia, quer contar com a parceria de outros segmentos para uma expansão compartilhada

Por Romualdo Venâncio

Em entrevista exclusiva à Balde Branco, ele disse que o objetivo principal  da Associação Brasileira de Inseminação Artificial é fomentar o uso da técnica de inseminação em todo o País e, para isso, aposta em uma relação mais ampla e mais próxima com os criadores, seja diretamente, seja por meio das centrais associadas. No entanto, entende que a maior representatividade junto a órgãos governamentais, centros de pesquisa e instituições de ensino contribui de maneira significativa para o sucesso desse planejamento.

O dirigente estabeleceu como meta elevar de 12% para até 16% o número de fêmeas (leite e corte) em idade reprodutiva inseminadas dentro de cinco anos. Saud, que integrou a gestão anterior como diretor técnico, deixa clara sua preocupação com a continuidade do trabalho, independentemente de quem esteja à frente da Asbia. Em relação à pecuária leiteira, sua preocupação é elevar o nível de tecnificação das propriedades, reduzindo a distância entre os extremos quanto à aplicação de tecnologia.  O dirigente destaca a importância do trabalho de extensão rural para concretizar seus planos.

Balde Branco – O sr. acaba de assumir a direção da Asbia para um mandato de três anos. Quais são seus planos prioritários na gestão da entidade?

Sergio Saud – A principal meta da Asbia é incentivar o uso da inseminação artificial no Brasil. Para isso queremos desenvolver ações, as mais diversas possíveis. Há um universo de criadores que já ouviu falar da técnica, mas que ainda precisa de um empurrãozinho para conhecer mais, esclarecer suas dúvidas e passar a utilizá-la.

BB – Os índices de uso da inseminação artificial na pecuária leiteira brasileira ainda são muito modestos, se comparados aos de outros países especializados na atividade. Por que isso ocorre?

SS – Basicamente, falta de informação. Ainda há quem ache difícil utilizar a técnica por falta de mão de obra capacitada, porque não tem nitrogênio líquido, entre outros motivos. Mas, para todos eles temos uma solução. A logística avançou bastante, a distribuição do nitrogênio é bem melhor do que já foi anos atrás; a oferta de sêmen cobre todo o território nacional, já que não há um lugar no Brasil onde não exista um representante de alguma empresa de genética. E para quem tem problema de mão de obra, existem empresas especializadas que oferecem o serviço e ajudam a estabelecer um programa reprodutivo. O custo é a única desculpa que não tem fundamento, pois o valor agregado pela inseminação paga qualquer investimento.

BB – Como a Asbia pretende elevar de 12% para até 16% o número de fêmeas em idade reprodutiva inseminadas dentro de um prazo de cinco anos, como o sr. pretende?

SS – Definimos essa meta porque a oportunidade existe. O que precisamos é envolver diversos atores da cadeia produtiva bovina – empresas de sêmen, saúde animal, nutrição, entre outras – dentro do conceito de que inseminar é preciso, pois todas serão impactadas por esse aumento. A genética é a porta de entrada para outras tecnologias, provocando uma reação em cadeia. Assim que a inseminação entra na fazenda, logo vêm melhorias em sanidade, nutrição, manejo e gestão. Quando um produtor adota um programa de IATF (inseminação artificial por tempo fixo), por exemplo, naturalmente começa a olhar com mais cuidado para a sanidade do rebanho e aprimora o manejo nutricional. Até o laticínio vai se beneficiar, pois receberá matéria-prima superior. A qualidade genética do rebanho brasileiro avançou muito nos últimos anos, há uma carga genética muito boa, mas está limitada a poucos criadores. Precisamos pensar também na quantidade, ter mais criadores investindo na seleção genética.

BB – O que precisaria ser feito, então, para que a maioria dos produtores de leite brasileiros tivesse a inseminação artificial como insumo básico no seu negócio?

SS – As empresas de genética sabem e conhecem quem insemina, pois isso está em seus bancos de dados. Agora, buscamos uma maior coordenação do trabalho das centrais de inseminação artificial de forma que alcancem também produtores que ainda não inseminam. Ao envolvermos os demais atores da cadeia nesse processo, inclusive outras entidades, queremos que façam o mesmo.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 627, de janeiro 2017

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