O estresse calórico influi diretamente na produtividade dos animais. O termo estresse pode ser aplicado a qualquer mudança ambiental suficientemente severa para introduzir respostas que afetam a fisiologia, comportamento e a produção. O quadro ocorre quando a taxa de ganho de calor de um animal excede a de perda, fazendo com que o mesmo saia de sua zona de conforto térmico. Desta forma, são necessários ajustes no comportamento e/ou fisiologia do animal.

As vacas de leite apresentam uma faixa de temperatura ambiente na qual se encontram em conforto térmico denominado zona de termoneutralidade. Nesta zona, o sistema termorregulador do animal não é acionado, seja para capturar ou dissipar calor. Assim, o gasto de energia para manutenção é mínimo, resultando em máxima eficiência produtiva, sendo considerada à faixa de temperatura ótima para a produção animal. Abaixo desta faixa de temperatura, a vaca entra em estresse pelo frio, e acima, em estresse pelo calor.

Os animais homeotérmicos, ou seja, de sangue quente, mantêm sua temperatura corporal através do equilíbrio entre o calor produzido pelo metabolismo e o fluxo de calor perdido para o ambiente. Há uma significativa diferença entre animais zebuínos, animais taurinos (europeus) e seus mestiços. Alguns autores citam que a zona de conforto térmico para zebuínos está entre 10ºC e 27ºC, taurinos entre 0ºC e 16ºC. Para os mestiços há citações menos definidas com valores entre 5ºC e 31ºC. A partir desses valores podemos perceber que animais europeus estão mais susceptíveis ao estresse calórico.

A maior susceptibilidade à temperatura é explicada no caso das raças especializadas em produção de leite, pelo grande metabolismo basal desses animais e também pela ineficiência em perder calor quando comparada a zebuínos. Esses animais apresentam maior consumo de matéria seca para manter altas produções e, consequentemente, metabolismo mais acelerado e menor eficiência em dissipar o calor produzido.

Com a menor capacidade de dissipação de calor, as vacas elevam sua temperatura corpórea com maior facilidade e perdem calor para o meio ambiente com maior dificuldade. O resultado final é o maior acúmulo de calor, podendo ocorrer mais facilmente o estresse térmico.

Algumas características são observadas quando os animais estão sofrendo com estresse calórico. Por exemplo: diminuição na produção de leite de 10 a 20%; frequência respiratória acima de 80 movimentos por minuto em 70% dos animais do lote; temperatura retal maior que 39,2ºC em 70% dos animais do lote ou acima de 39ºC por mais de 16 horas seguidas; redução de pelo menos 10 a 15% na ingestão de alimentos; aumento do consumo de água.

A primeira alteração que se pode observar em animais com estresse térmico é o aumento da frequência respiratória, com o intuito de perder calor para o ambiente. Observar os animais nos horários mais quentes do dia também é uma forma de avaliar o conforto com relação à temperatura. Os animais mudam o comportamento devido ao estresse térmico. Podemos citar como sinal dessas mudanças a busca/disputa por sombra e vento e o aumento da frequência respiratória com a presença de baba.

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Patrícia Vieira Maia, médica veterinária do Rehagro

 

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